Baixa de Hipoteca: o que a matéria da Exame explica e o que realmente acontece na prática jurídica

Introdução

A revista Exame publicou recentemente uma matéria explicando como funciona o pedido de cancelamento de hipoteca após a quitação do imóvel. Embora o conteúdo seja útil para quem está começando a entender o tema, a prática jurídica revela situações muito mais complexas — especialmente quando há demora da construtora ou do banco para efetuar a baixa.

Neste artigo, trago um resumo da matéria da Exame e uma análise técnica baseada na experiência prática em Direito Imobiliário, para que o comprador entenda seus direitos quando a baixa de hipoteca não acontece como deveria.


Resumo da matéria da Exame

A matéria publicada pela Exame apresenta um passo a passo básico sobre o cancelamento da hipoteca, destacando principalmente:

  • a obtenção do termo de quitação junto ao banco;
  • a necessidade de levar os documentos ao cartório;
  • a conferência da situação do contrato após o pagamento.

Você pode acessar o conteúdo completo aqui:
👉 Como pedir o cancelamento de uma hipoteca – Exame


O que a Exame não mostra: os problemas reais enfrentados pelo comprador

1. A baixa de hipoteca não é automática

Mesmo após a quitação, a baixa depende de ações da construtora e do banco. Em muitos casos, o comprador só descobre que o gravame continua ativo quando tenta vender ou registrar o imóvel.

2. Sem a baixa, o imóvel não pode ser regularizado

Enquanto a hipoteca permanece na matrícula, o comprador fica impedido de:

  • registrar a escritura;
  • vender o imóvel;
  • fazer financiamento;
  • usar como garantia.

Essa limitação causa prejuízos imediatos.

3. O problema nem sempre é hipoteca: na prática, a maioria é alienação fiduciária

Atualmente, a maior parte dos contratos utiliza alienação fiduciária, não hipoteca.
E, nesse caso, existe um prazo legal de 30 dias para baixa após a quitação.

Se o banco não cumpre, abre-se a possibilidade de responsabilização.

4. A construtora pode ser responsável pela demora

Muitas vezes, a incorporadora:

  • não envia documentos ao banco;
  • demora meses para responder o cartório;
  • está em dificuldades financeiras;
  • está em Recuperação Judicial.

Mesmo assim, a Justiça entende que o comprador não pode ficar prejudicado.

5. A demora pode gerar indenização

Quando o atraso na baixa impede o comprador de usar o imóvel, a jurisprudência reconhece:

  • danos morais;
  • obrigação de fazer com imposição de multa diária;
  • indenização por perdas e danos.

Documentos necessários para a baixa de hipoteca

Entre os documentos mais comuns estão:

  • termo de quitação do banco;
  • certidão atualizada da matrícula;
  • contrato de compra e venda;
  • comprovantes de pagamento;
  • declarações da construtora.

Como resolver quando a baixa de hipoteca atrasa?

Etapa 1 – Análise da matrícula

Verifica-se o tipo de gravame (hipoteca ou alienação fiduciária) e quem é responsável pela baixa.

Etapa 2 – Notificação formal

É possível notificar banco e construtora, com prazo para providências.

Etapa 3 – Pedido administrativo

O cartório pode exigir documentos e orientar o caminho correto.

Etapa 4 – Ação judicial

Quando necessário, ingressa-se com ação com pedido de liminar para determinar a baixa imediata.

Em muitos casos, a intervenção jurídica resolve em poucos dias.


Conteúdo complementar

Para entender o passo a passo completo e seus direitos, veja nossa página específica sobre o tema:
👉 https://bustaeamaraladvogados.com.br/areas-de-atuacao/baixa-de-hipoteca/


Conclusão

A matéria da Exame oferece uma visão geral do tema, mas a prática mostra que a baixa de hipoteca — ou de alienação fiduciária — envolve responsabilidades claras da construtora e da instituição financeira. Quando essas obrigações não são cumpridas, o comprador não precisa ficar esperando indefinidamente: existem caminhos administrativos e judiciais para resolver o problema de forma rápida e segura.